1.2.22

A criança e o futuro

Esta criança que sou eu, teve com 9 anos, juntamente com a restante família, sair de Portugal em 1962, ao encontro do pai que em 1959 foi para Angola com uma carta de chamada, pois era assim que o governo fascista obrigava!

Era mais fácil dar o 'salto' para França do que ir para uma das ditas colónias portuguesas.

Ali esta criança cresceu. Entre acácias, imbondeiros e a terra vermelha, estudou, trabalhou e namorou.

Foi lá tropa, passou por uma guerra civil e, um dia, com 5 contos no bolso, desembarcou na Portela.

Encontrou um país ainda cinzento mas, com lufadas de ar fresco de uma revolução sem guerra.

A democracia, ainda com penugem imberbe de adolescente, dava os primeiros passos.

Os anos passaram, da Primavera deste menino, já o outono chegou. Um dia será o inverno.

E passados tantos anos de ter tido um pai que teve que sair para sustentar a família, imerge das catacumbas um novo fascista. E o povo vota, zangado com a esquerda e a direita democrática, que lhe deu a possibilidade de votar, para um partido, racista, xenófobo, esquecendo esse mesmo povo que, outrora, a França, a Suíça, o Luxemburgo, era o albergue de milhares de portugueses que fugiam de um país onde a miséria e a ditadura estava implantada.

Serão esses arruaceiros que irão para o Parlamento. Não para discutir soluções, mas para deitar abaixo qualquer solução para o país.

Que esta criança que aqui está, que sou eu, não venha um dia ver os seus netos sair deste país, como o bisavô deles saiu.

Liberdade com responsabilidade.

Viva a democracia!

1 comentário:

jorge disse...

Boas!

Espero que esse comentário o encontre bem.
Peço-lhe desculpa fazer isto na caixa dos comentários mas não encontro outra maneira de o contactar.
Um amigo meu procura uma gravação desta música:
"Os patrões são inimigos do povo trabalhador"
Do Tino Flores. Consegue nos ajudar?