Hoje vive-se um vazio, os poetas morreram! Mesmo vivos… estão mortos! Já não cantam como dantes as misérias do país. Já não estão sós! Já não cantam alto, aburguesaram-se. Enquanto na rua o povo desfila cantando as amarguras, eles mantêm-se na toca, no redil do socialismo encapotado. Enquanto nas ruas o povo é corrido à bastonada os poetas andam de braço dado com os “pinóquios” deste país. De quem lhes negou a possibilidade de serem oposição ao homem cinzento que diz que a função do 25 de Abril está acabada.
Onde andais poetas? Por onde anda a vossa escrita que fez levantar um país contra a opressão, os vampiros, a tortura, o degredo?!...
Por onde andais poetas?!... Hoje a vossa escrita é um ramalhete de cravos murchos de uma revolução que ainda não se fez, de um Abril que ainda está por fazer!
Onde o Homem nunca mais explore outro Homem, e que a Liberdade não seja só uma flor no cano de uma espingarda!
Onde andas tu poeta amigo?!... Eles, o Zeca, o Adriano, o Salgueiro Maia estão à espera que digas como disse Ary:
Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado, não!
Podem castrar-te o corpo poeta de Abril, mas a alma… Nunca!
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