29.5.14

Concerto Solidário - 2005


Concerto de Solidariedade para a construção do Barracão de Cultura de Macieira - Lixa

Com José Mário Branco; Tino Flores e Francisco Fanhais


Dois vídeos com cerca de 55' cada, onde para além das canções dos cantautores presentes se homenageia Zeca com muitas canções do seu reportório.

A foto é o fim do concerto onde se canta "Grândola, Vila Morena".

Vale a pena ver e ouvir.

1º vídeo


2º Vídeo



28.5.14

Zeca Afonso

Baladas de Coimbra - 1963


Este EP foi gravado gravado no Mosteiro de S. Jorge de Milreu - Coimbra tem como acompanhante à viola Rui Pato.

Letra e música de Zeca nas canções "Os Vampiros" e "Menino do Bairro Negro" e musicou as outrsa duas composições.

Enquanto no "Os Vampiros" a letra versa contra a opressão do capitalismo, já o "Menino do Bairro Negro" foi inspirado na miséria do Bairro do Barredo - Porto que devido à ida dos homens para a guerra colonial e à emigração, fez crescer os bairros de lata na periferia das grandes cidades.

É um grito contra a marginalização e a pobreza do nosso povo que mesmo após o 25 de abril de 1974 não conseguiu resolver a situação e agora volta-se a cair nessa pecha da sociedade portuguesa. Não há guerra colonial mas a pobreza aí está, marginalizando de novo o povo sofrido para as periferias do urbanismo sócio-económico mais resistente.

Aqui ficam as quatro canções:

Os Vampiros

Canção do Vai... e Vem

Menino do Bairro Negro

As Pombas

21.5.14

Baladas de Coimbra - 1962


Este EP, os 4 temas são musicados por Zeca Afonso, tem a particularidade de ser o 1º disco onde a presença de Rui Pato então com 16 anos (que viria a acompanhar até 1969 altura que a PIDE impediu Rui Pato de ir até Londres para gravação do álbum "Traz outro amigo também" devido à participação do Rui na Crise Académica de 1969. Como resultado dessa crise na final da Taça de Portugal no Jamor não houve presença de nenhum elemento ligado ao governo e a RTP não transmitiu a final entre Académica vs Benfica que o Benfica viria a vencer por 2-1 no prolongamento com o inevitável Eusébio a marcar o golo da vitórias) se faz sentir. Seria o confirmação do fim da guitarra no acompanhamento, tendo a partir deste EP os acompanhamentos feitos só a viola (já começada nas duas baladas inseridas no disco "Coimbra Orfeon of Portugal" nas canções do Zeca "Minha Mãe e Balada de Aleixo"). Como referi no tema dedicado a Rui Pato, Rui gravou com Zeca três EP's, três LP's e um single num total de 49 temas.

"Menino de'oiro", letra e música de Zeca, era a canção preferida da mãe do Zeca.

Aqui ficam as quatro canções desse EP:

Menino d'Oiro
Tenho Barcos, Tenho Remos
No Lago do Breu
Senhor Poeta

Coimbra Orfeon of Portugal - 1962



Disco de 1962 LP onde para além de outros cantares estão incluidas duas canções de Zeca Afonso: «Minha Mãe» e «Balada Aleixo».

Zeca deslocou-se a Angola integrado no Orfeon em 1960.

Foi este o primeiro disco do Zeca onde as guitarras deixaram de o acompanhar. As violas foram o instrumento musical que Zeca utilizaria a partir deste disco nas suas gravações tendo voltado em 1981 ao fado de Coimbra com o "Fados de Coimbra e outras Canções".

Diz José Nisa sobre estas duas canções:

«A gravação de "Minha Mãe" ficou à primeira ou à segunda tentativa, quando íamos gravar "Balada Aleixo", o Zeca tinha desaparecido. Só faltava esse tema para acabar o LP e do Zeca nem sinal. O desesespero era total e à uma da manhã aparece o Zeca. Tinha ido assistir à estreia do CITAC, ao Teatro Avenida. Foi então a "Balada Aleixo" gravada, os americanos respiraram de alívio. Este disco foi editado nos Estados Unidos da América.

Aqui ficam as duas baladas:

Minha Mãe
Balada Aleixo

Fados de Coimbra - 1960



Depois de ter aqui apresentado os 1ºs discos do Zeca, este "Balada do Outono" foi gravada 4 anos depois, Zeca inaugura uma nova fase da música portuguesa. Rompe definitivamente com as guitarras e o fado pelas baladas.

Curiosamente Zeca não deu grande importância a este seu início de carreira dizendo em 1985 quando foi interpelado sobre o assunto: «Gravei uns faditos de Coimbra» Nada mais disse!


Mas disse Manuel Alegre: «O José Afonso nessa altura cantava fado tradicional e até tinha uma certa relutância à mudança. Nessa altura ele era um bocado partidário da 'arte pela arte'».

Aqui ficam os quatro temas que compõem este EP.

Balada do Outono

Vira de Coimbra

Amor de estudante

Morena - Instrumental

1º discos de Zeca Afonso - 1953

Dois discos vinil em 78 rpm - editados pela "Melodia"


Contos velhinhos
Incerteza
O Sol anda lá no céu
Fado das Águias


José Niza na biografia do Zeca Afonso (José Afonso, Edição e distribuição MoviePlay Portuguesa S.A.) situa nas Edições Originais, o fado "Solitário" (Discos Alvorada e não Melodia) fazendo parte juntamente com o "Sol anda lá no céu"; "Contos Velhinhos" e o "Fado das Águias" como sendo as quatro canções que fazem parte dos primeiros discos de Zeca em 1953.

Os Amigos de Zeca

(na foto Letria, Afonso, a mãe, Isabel, José Duarte e Adriano)

José Mário Branco

Claro que não vou fazer a biografia e o percurso do JMB, mas sim a influência que o mesmo teve nas músicas do Zeca, embora resumida senão poucos leem.


JMB dirigiu (arranjos e direção musical) dois discos do Zeca; "Cantigas do Maio" e "Venham mais cinco".

Até hoje e quem sou para desdizer, "Cantigas do Maio" foi considerado o melhor LP do Zeca (lembro-me que foi o 1º álbum que gravei em cassete, ainda os cd's eram uma miragem).

Em 1971 Zeca foi até Paris para gravar num dos mais caros e afamados estúdios da europa, os de Herouville, de Michel Magne.

Foi aí que surgiu tantos êxitos do Zeca entre eles "Maio Maduro Maio", "Milho Verde"; "Coro da Primavera" e o "Grândola Vila Morena".

Neste disco foram introduzidos vários instrumentos musicais até inéditos nas músicas do Zeca: darbuka, o bongo berbere, as tumbas, o adufe, o tamborim etc, atec. Já agora como curiosidade aquele som que se ouve no Grândola, são passos no areal. Nem Steven Spielberg faria melhor!

José Mário Branco nestes dois LP's referidos, foi sem dúvida a pessoa ideal para que a partir do "Cantigas do Maio" a discografia do Zeca ficasse mais enriquecida, caso não houvesse outros discos de igual qualidade mas não há dúvida que este LP é a cereja no topo do bolo.

Tudo isto porque um dia, JMB tomou em mãos a orquestração e arranjos desta maravilha.

.... E porque estamos na Primavera e em Maio mês das flores, aqui ficam para audição.

e

Zeca Afonso - "Era um redondo vocábulo"



Foto - Zeca Afonso canta e José Niza assinalado por uma "seta" no 'Cinema Restauração' em Luanda, cinema que conheci muito bem.

Depoimento de José Niza:

"Há uns bons anos atrás, estava a passar um serão em casa do Carlos do Carmo. E o José Mário Branco, como se estivesse a pensar alto, disse-me: “Ó Niza, já te apercebeste da dimensão universal das canções do Zeca?” Isolei-me da cavaqueira e fiquei a matutar naquilo. Afinal o que o Zé Mário me tinha dito era uma evidência. Uma evidência que de tão evidente me escapara até àquela noite.

Quando estamos muito por dentro das coisas não as vemos de fora. Não temos a noção, quando estamos num estúdio a gravar cantigas, de que podemos estar a fazer história: - o que nos ocupa, e preocupa, é fazer o melhor da melhor forma possível.

O Zé Mário tinha razão. A obra musical do Zeca está ao nível da de Jacques Brel, Léo Ferré, Serge Reggiani, Georges Brassens, Bob Dylan, ou outros. Atenção que não estou a considerar a eficácia poética da mensagem política, estou sobretudo a sublinhar a qualidade da arquitectura musical das canções do Zeca, a complexa simplicidade das melodias e dos ritmos, a perfeita interacção da poesia com a música e com a voz.

É por isto que a obra do Zeca está a ser cada vez mais estudada e divulgada, a ser objecto das abordagens mais diversas. Do rock ao jazz. Da música popular à música erudita. É isso que está a acontecer em Portugal e no estrangeiro. Como nunca aconteceu antes. Ainda há dias o Mário Laginha (o nosso Carlos Paredes do piano) - me dizia que a construção musical de "Era um redondo vocábulo", uma canção "difícil", era uma obra-prima da música contemporânea.

A obra musical do Zeca é - e vai ser - um "study case". Coisas que só acontecem aos génios. E que às vezes levam tempo a perceber."

Zeca Afonso - Cantar Alentejano





Depoimento de José Mário Branco

Nascido para, como diz a cantiga, "abrir grandes janelas", o Zeca sempre suportou maio fechamento - quer o das ideias, quer o dos espaços.
Das duas vezes que foi a Paris gravar comigo, em 1971 ("Cantigas do Maio") e 1973 ("Venham mais cinco"), nunca ele escondeu quanto lhe desagradava e o indispunha a necessidade de ficar fechado no estúdio durante horas, e quanto ele não gostava nada de Paris nem do ambiente dos portugueses de Paris - hoje entendo como tinha razão.

Porque haveria de ser preciso fecharmo-nos, horas e horas a fio, na tensa clausura de um estúdio de gravações, se o objectivo era precisamente registar os grandes e puros espaços sonoros das suas melodias, a frescura densa da sua voz, a força simples e lírica das suas palavras? As máquinas! custava-lhe aceitar que a "limpeza" e a "verdade" do som só pudessem ser conseguidas, neste mundo sujo e atravancado, por meio das máquinas, das técnicas, do isolamento acústico. Custava.lhe aceitar que, para fazer chegar aos outros as coisas belas e simples que inventava, fosse preciso tanta guerra para reconquistar o silêncio, a página branca, o patamar vazio donde tudo tem que partir.

Assim, por entre mil episódios que atestam o que acabo de dizer, há esse - o da gravação do "Cantar Alentejano" ("Chamava-se Catarina... ") - que testemunhei aquando da gravação das "Can­tigas do Maio", juntamente com a Zélia, o Fanhais, a Isabel Alves Costa, o técnico Gilles Sallé e, naturalmente, o violista Carlos Correia (Bóris). A opção de arranjo foi: só a viola, e a voz do Zeca. Sem rede.

O regime de gravações - tardes e noites - fez que, nesse principio de tarde, fosse a altura de gravar o "Cantar Alentejano", "Vamos a isto, Zeca?", ia eu dizendo, naturalmente preocupado com a factura do estúdio. "Não tens nada para ir metendo?", desconversava ele. Via-se que não estava pronto. "Queres ir me­tendo outras coisas? Faltam vozes no "Milho Verde" e no "Senhor Arcanjo"... E assim ia passando a tarde. "Está bem, vamos me­tendo outras vozes". Mas não se conseguia grande coisa. A alma dele - percebi depois - estava toda no Alentejo, nos olhos de Catarina Eufémia. E, como tantas vezes acontecia, andava no estúdio para cá e para lá, em passos nervosos, como o jovem leão na sua jaula.

Até que, já pela tardinha: "Eu vou até lá fora, olhar para as vacas" - o estúdio era numa quinta apalaçada, no meio dos campos. Desapareceu, uma hora ou duas. Quando voltou já era quase noite. "Vamos gravar a Catarina". O Bóris meteu-se na pequena cabina, para o som da viola ficar isolado da voz. O Zeca, no meio do estúdio, sozinho e às escuras, cantou. Uma só vez. É essa que está no disco.

Nós, os outros, os privilegiados espectadores, estávamos na central técnica, quase todos a chorar incluindo o técnico francês. "Acham que é melhor eu cantar isto outra vez?"

"Não, Zeca, não. Está muito bem assim..."

APBraga canta Zeca...

APBraga "cantautor" que muitas vezes acompanhou o Zeca na demanda por este país, canta Zeca e outros cantores de intervenção. Estas músicas são raras, fazem parte de uma cassete gravada no Rio de Janeiro quando APBraga foi para lá trabalhar. Foi-me entregue pelo próprio APBraga, de onde extraí as músicas e lhe fiz esta página.

Rio de Janeiro

Em 2012 AP Braga (cantautor que cantou muitas vezes com o Zeca) no "A Moagem" em Fundão. Zeca como podem ver no "écran" sempre presente!

O meu muito Obrigado ao APBraga, meu amigo de longa data, pelo envio destas recordações!



A letra de Grândola


Os acordes e a letra de "Grândola, Vila Morena"



9.5.14

Rui Pato

Rui Pato com Zeca Afonso


Rui Pato com Zeca Afonso



Rui de Melo Pato nasceu em Coimbra a 5 de junho de 1946. Tinha Rui Pato 16 anos quando começou a acompanhar à viola Zeca Afonso. Participou com Zeca em 7 discos durante 7 anos (1962-69). Foi um acaso que levou Rui até Zeca. Depois da morte do pai, Zeca chega a Coimbra vindo do Algarve. Queria mostrar novas músicas aos amigos e pediu uma viola, no «Brasileira». O pai de Rui Pato (o jornalista Rocha Pato), diz:



«Só se formos a minha casa: o meu filho anda a aprender guitarra clássica e podes tocar com a viola dele». Assim aconteceu mas, pouco depois, Rui estava a acompanhar o Zeca e este entusiasmado disse: «É este puto que vai gravar comigo»



Rui Pato gravou três EP, três LP e um single, num total de 49 temas. Rui Pato foi proibido pela PIDE a deslocar-se a Londres em 1969 para gravar o álbum "Traz Outro Amigo Também", devido à sua participação na Crise Académica de 1969. Neste álbum Rui Pato foi substituído por Carlos Correia (Bóris)



Fonte: "Canto de Intervenção" de Eduardo M. Raposo



As noites de canções com Salgueiro Maia:




(clicar no play)


O despertar:

"Só tive consciência do perigo e da importância de tudo aquilo que estávamos a fazer um ano depois de já estar com ele. Quando comecei, em 1962, não me tinha apercebido da importância de todas aquelas canções e daquilo que o futuro nos reservava", recorda. Estava, sem saber, talvez pela aventura da idade, a entrar numa luta: "Era um combate contra a censura, o regime, os preconceitos e todos aqueles que achavam que era estranho que a música pudesse servir de arma".

A Censura:

"A liberdade, escondida entre versos, valeu-lhe a atenção da PIDE. Começou a ser vigiado, foi expulso da Universidade e obrigado a entrar para o serviço militar coercivo. "Era quase uma forma de guerrilha artística, e eu, como se poderia dizer, dei o peito às balas", conta. Alguns lugares das plateias começaram a ser preenchidos por agentes da polícia política e a censura prévia tornou-se habitual.

..."Aos mecanismos mais intensos de repressão, respondiam as requintadas ironias. A liberdade não era para o ouvido de todos. "Há relatos dos censores e até de agentes da Direção Geral dos Espetáculos, que estão na Torre do Tombo, que faziam relatos perfeitamente ridículos. Não percebiam muitas das coisas. Lembro-me de tocarmos os 'Vampiros', das primeiras vezes, e eles pensarem que estávamos a falar mesmo dos bichos".

Fonte:JPN

Parte de uma gravação realizada pelo programa "Violas e Vozes de Abril" onde Rui Pato fala de Zeca e Adriano Correia de Oliveira.



Mais sobre Rui Pato (clicar aqui)

8.5.14

Os Vampiros




Faixa do LP "Baladas de Coimbra - 1963" (proibido pela censura)





... Eles andam aí!

5.5.14

Tino Flores


Um "cantor de intervenção" completamente desconhecido para mim, mas que faz parte desses cantores que tiveram uma ação preponderante no despertar revolucionário de parte reduzida do nosso povo (a maioria preferia os três "efes" e para lá caminhamos de novo).

Quem é Tino Flores? Recorro ao "Canto de Intervenção" de Eduardo M. Raposo.


"Nasceu em 19 de janeiro de 1947. Minhoto de nascimento começa a tocar em grupos de baile rock. Em 1966 fez parte do grupo «Os Teias». No ano seguinte exila para França para não participar na guerra colonial.

Em Paris participa na direção da Liga do Ensino e da Cultura e noutras associações de emigrantes onde era denunciado o colonialismo. Senhor de um discurso radical, critica a falta de unidade dos diversos grupos marxistas, de diversas tendências, exilados em Paris, em torno de problemas concretos como o fascismo e o colonialismo, sacrificando-se uma ampla unidade ao invés de conceitos ideológicos e estratégicos.

A sua discografia regista a obra deste «cantautor» - pois é autor das letras e das composições - com uma música imbuída de uma marca de ruralidade. O seu primeiro disco, um EP, gravado em finais de 1969, intitula-se Viva a Revolução. NO início de 1972 um outro EP, O Povo é Invencível e o último saído antes do 25 de abril de 1974 é uM EP duplo intitulado O Povo em Armas Esmagará a Burguesia."

Fim de citação

Nesta altura penso que a burguesia nem necessita de armas para esmagar o povo, o povo esmaga-se a si mesmo.

Para ouvir Tino Flores, clicar no nome dele na coluna da direita ou...

Aqui

1.5.14

Censura - O lápis azul

Subversão da juventude por estes cantores "malditos"