7.4.10

Francisco Fanhais





Hoje fui ver e ouvir Francisco Fanhais no Teatro da Trindade. Como Carlos Mendes o referiu, é um dos últimos puros cantautores que restam do sonho de Abril de 1974. Francisco Fanhais sente e ainda acredita num país melhor sabendo nós que isso é pura utopia. Já nada é como dantes. À capa da democracia eles, os vampiros, andam aí.

Perguntou Fanhais que resposta temos para os nossos filhos quando nos perguntarem o que fizemos por eles e se silêncio for a nossa resposta é sinal de cobardia. Não, não é Francisco!!! Nós fizemos muito pelo futuro deste país, ela juventude, é que não faz nada e nem querem saber do futuro deles. Limitam-se a vegetar e a ver os tais vampiros das telenovelas da TV. Nós viemos para a rua lutar, eles vêm para a rua esperando que alguém lute por eles. E assim os burros continuam a governar e, como tu cantas nas tuas «Quadras de Aleixo»:

Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência,
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência!

Quem trabalha e mata a fome
Não come o pão de ninguém;
Quem não ganha o pão que come,
Come sempre o pão de alguém


E os "pinóquios" continuam a comer de graça, o pão do povo que trabalha.

Emocionante o teu monólogo sobre a canção «Corpo Renascido». Sangue do teu sangue continua no corpo dos teus netos.

A leitura da carta do Zeca, de quem és um digno sucessor, foi um dos momentos altos da tua presença no Teatro Trindade. A tua voz emocionada lembrando o mestre e amigo que um dia te disse:

«Tu que cantas defronte de faces atentas e seguras, faz do teu canto uma funda. Nesse lugar, entre outras mãos mais fortes e mais duras, te estenderei a minha mão fraterna. Canta amigo!»

Que nunca te cortem as asas pois o rouxinol tem que voar, mesmo sendo um voar sobre uma utopia, pois os tempos Francisco, são já de rouxinóis sem bico.

Outras canções:

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6 comentários:

Silenciosamente ouvindo... disse...

Não conhecia este blogue,
fiquei fascinada. Parabéns.
Será que permite que retire
algumas imagens para colocar
nos meus blogues? Se sim, deixe
por favor um comentário no
blogue http://intemporal-pippas.
blogspot.com
Um abraço/Irene/Portugal

Anabela disse...

Não vinha cá há algum tempo. É sempre um prazer voltar aqui.
Sobre o seu texto pergunto:
- Quem educou a nova geração?
- Quem lhes ensinou que melhor que ser é ter?
Não há vilões e inocentes. Este nosso mundo está virado do avesso mas na minha modesta opinião todos somos vilões na história que conta o dia de hoje.

Tudo de bom

Silenciosamente ouvindo... disse...

Muito e muito obrigada por permitir
que insira no meu blogue imagens do
seu cantointervencao.
Muito contente mesmo.
Beijinho/Irene

Agulheta disse...

Amigo Marius! Tanta verdade nestas letras,eu por mim falo nos anos sessenta o que o meu pai sofreu,e no fundo nós,por pedir mais um pouco.O nosso "povo" tem um pequeno defeito,(Maria vai com as outras) quando lhe dão um rebuçado,ele vira a casaca,e assim vivem.Penso que muito mal consigo mesmo e com os outros,e como dizes e bem,os tempos dos rouxinóis que sabiam cantar,hoje estão todos sem sem bico,e as gerações actuais tem tudo feito,como tal nada de lutar...o papá lhe dá.
Abraço amigo Lisa

a vida em toda a dimensão disse...

Estive aqui e quero deixar um
beijinho.Irene

vinilsuporter disse...

É pena que o Fanhais não apareça muito aqui pelo norte profundo de portugal, os seus espectáculos são sempre muito educativos e até bem dispostos. Ouvi em tempos rumores que se estava a preparar para editar um cd mas pelos vistos ficou-se pela intenção e foi pena. joebarbosa@sapo.pt