16.11.08

O Último Socialista





 Farto de «pulsões e tiques autoritários», farto daqueles que «não têm dúvidas, nunca se enganam e pensam que podem tudo contra todos».

  Disse Manuel Alegre perante o desassombro de opinião da Ministra da "Educação" em relação à manifestação dos professores no Sábado.

  E o que faz o Parlamento? Estrebucha aqui, pigarreia ali, dois dedos de conversa entre camaradas em "break" de duas horas para um "coffee" e entradas tardias à Segunda, que isto de começar cedo é uma chatice, e saídas de manhã à Sexta que o avião espera para um fim-de-semana em Londres.

  Alegre é o último moicano socialista! É um ingénuo, é um purista, é um poeta.

O poeta sonha, nem sempre a obra nasce.


  Para nascer deveria estar entre os seus, entre gente que, como ele, sonhava nos ideais de Abril. Mas não, Alegre está no meio de gentalha que fizeram das portas de Abril um trampolim para, de fato e gravata, comerem à mesa com talheres de prata.

  Está no meio de néscios que fizeram do que disse o homem cinzento, que é contra os diplomas mas que deixa passar as arbitrariedades do socialismo encapotado, o tal que nunca tinha dúvidas e raramente se enganava, palavra de ordem.

  Já Manuel Alegre tinha votado contra o Código de Trabalho, na votação final global. Ao lado de Manuel Alegre estiveram quatro deputadas do grupo parlamentar socialista (Teresa Portugal, Júlia Caré, Eugénia Alho e Matilde Sousa Franco). Alegre esclareceu que votou de acordo com a sua consciência e com o que defendeu no Congresso do Partido Socialista de 2004 e lembrou que o PS é que votou contra o que disse em 2003 sobre o Código de Trabalho de Bagão Félix.

  Sócrates disse que tinha "muito orgulho" em Alegre, mas acrescentou que Alegre "está disponível sempre para dar razão a toda a gente menos ao Governo e ao PS". Alegre não reage, só sorri porque sente ainda aquele partido como seu, mas desengane-se, pode ter direito à indignação mas nada mais do que isso, pois o tempo de Alegre já passou.

  Fica o Manuel, mas Manéis há muitos a comerem umas pataniscas e uns pastéis de bacalhau em qualquer tasca deste país com um quartilho de vinho a acompanhar.

  Mas nem tudo está perdido. A força da manifestação demonstrada pelos professores no Sábado ou a força dos ovos em Fafe, fez a Ministra da (des)Educação recuar e adia a avaliação dos professores para o próximo ano

  Marçal Grilo considerou como resquícios do PREC, os conselhos directivos eleitos, dixit que deveriam ser contratados os directores por concurso público que teriam autonomia na contratação de quem bem entendessem para a direcção pedagógica.

  Penso que acabar com os conselhos directivos eleitos é uma boa ideia para com os deputados que são eleitos pelo povo. Abriam concurso público e, como faziam as tropas pretorianas do Império Romano que elegiam os Imperadores conforme os benefícios monetários, os que melhor garantias dessem ao povo seriam os escolhidos. É que os eleitos pelo o que lá fazem no Parlamento é o mesmo que nada, excepto raras excepções e, por isso, o povo evitava ter que se deslocar às urnas e votar em quem lhes anda sempre a enganar!

  "Para apoiar Sócrates teria de apoiar alguns dos seus apoiantes, e isso não posso fazer", disse Manuel Alegre no programa "Discurso Directo", em extensa entrevista emitida esta manhã (16.11.08) pela TSF e publicada no Diário de Notícias.

  Faz bem que eu vou fazer o mesmo! Avança que aqueles que te apoiaram nas Presidenciais estão à tua espera! Vamos voltar a ser os Socialistas que sempre foste! Não queiras ser... o "Último Socialista"!!

1 comentário:

Anónimo disse...

O Vento ainda canta


Dizem-me as trovas do vento
que só o vento é que passa
mas não a nossa desgraça
que atormenta quem anda
esforçadamente em demanda
do pão escasso e da esperança

Maria Petronilho