20.1.06

Por Portugal





  Não gosto de ti. Não sei a razão, ou talvez saiba, mas não gosto de ti. Será do teu “sorriso”? Será do teu penteado? Lembras-me alguém que fez deste país o mais atrasado da Europa. Foi o nosso fado durante 48 anos. Os jovens que daqui partiram de mochila, imberbes, a dizerem adeus no cais de Alcântara e a família de lenço em punho, com as lágrimas que este povo verteu, a acenarem e o barco a zarpar para mais alguns caixões de pinho.

  Não gosto de ti. Nem o facto de um dia teres subido a um coqueiro em S. Tomé me faz pensar que és diferente. És demasiado cinzento. Durante uma década podias ter demonstrado que eras diferente mas não. Foram as cargas policiais, foi o desemprego, foi a terça-feira de Carnaval que quiseste tramar que te tramou, foi o desbaratar dos fundos da comunidade, foi o SIS, foram as escutas no gabinete do Procurador-geral da República, foram os agentes infiltrados no movimento estudantil, foi o desrespeito pela Constituição, chamando de forças de bloqueio às instituições da República. Sabes que se ganhares, e tudo aponta para isso, que não é pelos teus feitos, pela tua “simpatia”, pelo teu tom de voz que o consegues? É simplesmente porque este povo não tem um rumo, anda à deriva, já no tempo dos romanos se dizia que este era um povo que não governa nem se deixa governar. Não sabe o que quer. Tem a dirigir o país pessoas com a mentalidade do país que somos… pequena. Grande foi o Marquês que fez a Avenida da Liberdade e ao gozo dos seus contemporâneos disse: «O que hoje é grande, amanhã será pequeno».

  Não gosto de ti. Não gosto do teu rosto esfíngico. Não gostei quando numa «Creche» falaste para as criancinhas como se estivesses a falar para os teus correligionários, as crianças de pé como nos tempos da outra senhora quando na escola tinha que estar ali de pé para respeitar umas fotos que na parede estavam dependuradas. As criancinhas sem te entenderem patavina, olhavam para ti perfiladas e, uma delas, com o dedito na boca parecia dizer-te: «Tu queres é chucha». Também estou convencido que sim e, se ganhares, sairão das entranhas da terra os “zombies” que, como vampiros, irão morder o pescoço dos inocentes.

  Poderás ser o presidente de todos os portugueses, de quase todos os portugueses, pois de mim… nunca o serás!

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